Diversidade
Grávida com morte cerebral é mantida viva por meses para gestação continuar
Caso levanta debate sobre direitos da mulher, autonomia médica e restrições ao aborto após morte cerebral

Uma mulher de 30 anos, declarada em morte cerebral ainda no início da gravidez, foi mantida viva por aparelhos durante meses, com o objetivo de permitir o desenvolvimento do feto. A decisão foi tomada com base na legislação local, que proíbe o aborto após a detecção dos batimentos cardíacos do bebê — o que costuma ocorrer por volta da sexta semana de gestação.
A paciente, Adriana Smith, foi diagnosticada com coágulos no cérebro em fevereiro e, segundo a família, já estava em suporte vital há mais de 90 dias, com 21 semanas de gestação no momento da última atualização. Especialistas apontam que não há registros de partos saudáveis em casos tão precoces de morte cerebral.
A mãe da paciente, April Newkirk, contou que a situação tem sido traumática para a família, que gostaria de ter tomado a decisão de desligar os aparelhos. Entretanto, como a Geórgia reconhece o feto como uma pessoa com direitos legais, os médicos seguiram a orientação de manter o suporte vital.
Autoridades estaduais negam que a lei obrigue a manutenção de aparelhos nesses casos, enquanto o autor da legislação de 2019 defendeu a conduta médica. O impasse jurídico e ético reacende o debate sobre quem pode decidir em situações como essa e sobre os impactos das leis antiaborto na prática médica.

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